POPULAÇÃO BRASILEIRA: Qualquer semelhança não é mera coincidência!!!! PARTE 2
A Revolução
Industrial Chega ao Brasil.
Usina Beltrão (Fábrica Tacaruna), no Recife. Inaugurada em 1895, foi à primeira refinaria
do Brasil e da América do Sul.
O Brasil é um pais que
recentemente deixou o ranking de países em desenvolvimento, saindo pela
primeira vez desde 1998 da lista de 25 países no ranking de confiança para
investimentos estrangeiros. Além disso, é de conhecimento geral, que somos
considerados atrasados em muitos aspectos.
Mesmo
considerado um país em desenvolvimento, em muitos aspectos estamos bastante atrasados
comparado aos demais países. A História
mostra que, de fato, o Brasil está tecnologicamente, economicamente e
industrialmente, quase um século atrasado.
Alemanha,
Estados Unidos, Inglaterra, Japão, entre outros, aderiram ao processo de
industrialização por volta do século XVIII, durante a Revolução Industrial. Ainda
éramos colônia de Portugal, seguindo o Pacto Colonial imposto pelos invasores
portugueses e espanhóis, que impedia a abertura de indústrias no país. Assim, nós
colonos brasileiros nos tornamos apenas consumidores dos produtos manufaturados
que Portugal disponibilizava de acordo com seus interesses.
Portanto o processo de industrialização no Brasil, só começou verdadeiramente em
meados de 1930, mais de cem anos após a Revolução Industrial Inglesa, onde durante o governo de
Getúlio Vargas, a centralização do poder no Estado Novo criou condições para
que se iniciasse o trabalho de coordenação e planejamento econômico.
Mas antes de falarmos da Revolução Industrial no Brasil em si, existe um tópico essencial
para entendermos os reflexos na população do país nessa Revolução:
O trabalhador na Revolução Industrial.
A Relação mão de obra (capital) x trabalho
Com
a crise internacional do café na época os Barões do Café, que eram os maiores
investidores do país, precisaram de outras frentes para investir seu capital e
cessar as perdas com o baixo valor internacional do produto. Eles foram
portanto os primeiros a investir na indústria no Brasil se aproveitando da mão
de obra barata oriunda da migração em massa da população do campo para as
cidades devido à crise do café.
A
Revolução Industrial também gerou grandes transformações no modo de produção de
mercadorias. Antes tudo era feito a mão, o modo de produção manufatureiro, que empregava
a exploração de muita mão de obra especializada ou artesanal. Com a substituição
pela maquino fatura,
já não era mais necessária a utilização de vários trabalhadores especializados
para produzir uma mercadoria. Uma pessoa manuseando as máquinas conseguiria
fazer todo o processo sozinho.
O
resultado mais pungente disso foi que o salário do trabalhador despencou, uma vez que não
eram mais necessários funcionários com habilidades manuais.
Na
Inglaterra isso fica claro na estatística trazida por Eric Hobsbawm. O salário
médio em 1795 era de 33 shillings e em 1815, apenas 20 anos depois o valor caiu
para 14 shillings e entre 1829 e 1834,
esse salário havia despencado para quase 6 shillings. Essa queda brusca no
salário deu-se na Inglaterra e repetiu-se aqui no Brasil durante esse processo
de industrialização.
Começou Verdadeiramente?
Sim, podemos caracterizar
04 fases distintas no processo de industrialização no Brasil:
1.
Primeiro período (1785–1808), também chamado de
período de proibição como citamos acima;
2.
Segundo período (1808–1930), A implantação;
3.
Terceiro período (1930-1956), a chamada
“revolução industrial”;
4.
Quarto período (1956 até atualmente), chamado de
internacionalização.
Do primeiro período (1785-1808)
já falamos acima. Apenas alguns poucos itens eram autorizados a ser produzidos
no Brasil. Entre eles fiação e calçados. Isso devido a distancia entre a Corte
e a colônia e precisavam ser repostos em menor tempo. Lembrando que o
transporte nessa época era feito por navios movidos a Vela, e como não se
estoca vento...
No segundo período (1808-1930)
o da implantação que começou com a chegada de D. João VI e a família real ao
Brasil, foi implantado taxas sobre os produtos importados e a revogação do
alvará de proibição das industrias. Em 1844 com a Lei Alves Branco, o então
ministro da fazenda, foi definido taxas de 20% sobre produtos sem similares na
indústria brasileira e de 60% para produtos que tinham similares nacionais. O
protecionismo eram bastante forte.
Foi nesse período também
que se iniciaram os incentivos fiscais a alguns tipos de indústria. A de
têxteis, por exemplo, em 1846 e que se tornou a principal indústria no Brasil.
A fábrica de Tecelagem São Martinho,
em Tatuí (SP), fundada em 1881, foi a maior fábrica de tecelagem do país
O primeiro censo
industrial aqui nas terras tupiniquins foi no ano de 1907 e apontava que
tínhamos pouco mais de 3.000 empresas. Já no segundo, em 1920, existiam mais de
13.000 empresas, mostrando um grande crescimento industrial do período, destacando
que durante a 1ª Guerra Mundial surgiram quase 6.000 novas empresas.
O que predominava era
indústria de bens de consumo que abastecia boa parte do mercado interno. O
setor de alimentos cresceu de forma pujante, principalmente exportação de
carne, ultrapassando o setor têxtil.
Exatamente como agora,
nos tempos atuais, a economia do país dependia do setor agroexportador,
especialmente o café, que respondia naquela época por aproximadamente 70% das
exportações brasileiras.
No terceiro período (1930-1956), o da Verdadeira
Revolução Industrial.
Seu início foi marcado pela Revolução de 1930, ou o Golpe do
Estado novo, que reconduziu Getúlio Vargas ao poder.
Vargas operou uma mudança decisiva no plano da política interna.
Afastou do poder do estado oligarquias tradicionais, que representavam os
interesses agrário-comerciais, implantando uma política industrializante e a
substituição de mão de obra imigrante pela nacional. No Rio de Janeiro e São
Paulo a grande oferta de mão de obra deu-se em função do êxodo rural
(decadência cafeeira) e dos movimentos migratórios de nordestinos para os
estados do Sul e Sudeste a procura de melhores condições de vida.
O Estado Novo de Vargas investiu forte na criação da
infraestrutura industrial principalmente nas indústrias de base e energia.
Foi nessa época que foram criados O Conselho Nacional
do Petróleo (1938), a CSN - Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a VALE –
Cia. Vale do Rio Doce (1943) e a CHESFH - Cia Hidroelétrica do São Francisco
(1945), todas privatizadas durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2003).
Então podemos dizer que três fatores influenciaram muito o
desenvolvimento industrial no Brasil a partir de 1930:
·
Êxodo rural, com a crise do café, onde o aumento da população
urbana formou grande mercado consumidor e de mão de obra;
·
Redução nas importações em função da crise mundial na 2ª Guerra
Mundial;
·
Aumento das exportações devido à Segunda Guerra Mundial.
Esse desenvolvimento ocorreu principalmente nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a
grande concentração geográfica/espacial da indústria, que permanece até hoje.
Mas para demonstrar mais
sobre os impactos dessas mudanças nesse período vamos focar nos dados
Geográficos e demográficos durante a Revolução Industrial.
Vamos lá!
Antes de 1870, segundo o site
memoria.ibge.gov.br
os levantamentos demográficos da população eram “meramente conjecturais”, cuja
preocupação principal era reconhecer o domínio e atender aos interesses da
Coroa Portuguesa. Mas posteriormente , com a criação de mais órgãos de estudos
estatísticos nas Secretarias Estaduais e posterior criação do IBGE no ano de
1934, passamos a ter acesso a uma amostragem maior para analisar. Vejamos como
exemplo essa tabela com o crescimento populacional entre o ano de 1776 e 1869.
Tabela 1 –
População brasileira – 1776/1869
Anos
|
Autoridades
|
População
|
1776
|
Abade
Corrêa da Serra
|
1 900 000
|
1808
|
D.
Rodrigo de Souza Coutinho
|
4 000 000
|
1810
|
Alexandre
Humboldt
|
4 000 000
|
1815
|
Conselheiro
Velloso de Oliveira
|
2 860 525
|
1817
|
Henry
Hill
|
3 300 000
|
1819
|
Conselheiro
Velloso de Oliveira
|
4 395 132
|
1825
|
Casado
Giraldes
|
5 000 000
|
1827
|
Rugendas
|
3 758 000
|
1829
|
Adriano
Balbi
|
2 617 900
|
1830
|
Malte –
Brun
|
5 340 000
|
1834
|
Senador
José Saturnino
|
3 800 000
|
1850
|
Senador
Cândido Baptista de Oliveira
|
8 000 000
|
1856
|
Barão
do Bom Retiro
|
7 677 800
|
1867
|
"O
Império na Exposição etc."
|
11 780 000
|
1868
|
Cândido
Mendes
|
11 030 000
|
1869
|
Senador
T. Pompeu de Souza Brazil
|
10 415 000
|
Já sobre a migração da população rural para áreas urbanas,
podemos verificar os dados da migração Nordeste/Centro Sul:
Hospedaria dos imigrantes em São Paulo em
1905
Conforme dados da Secretaria da Agricultura de São Paulo, em 1937
passaram 72.144 nordestinos pela Hospedaria dos Imigrantes, sendo que 1.379
foram chamados por agências de migração e 10.639 foram matriculados na
Hospedaria como migrantes espontâneos.
A industrialização na época ainda concentrava o
desenvolvimento industrial em um único polo, o estado de São Paulo.
Esses trabalhadores migrantes vieram para São Paulo através
das redes sociais da época, os membros familiares e também pelos subsídios do governo
para migrantes onde se concentrava a econômica industrial. Contudo, durante
1935 a 1939 ainda segundo a Secretaria da Agricultura os migrantes eram
distribuídos para o interior do estado. Só depois de 1939 muitos migrantes foram
destinados à capital havendo posteriormente uma migração mais intensa e
espontânea de moradores do interior do estado para a capital, São Paulo.
TABELA POPULAÇÃO
URBANA X RURAL - Tabela do IBGE com o total da população brasileira
entre 1960 e 2010 mostrando a evolução da migração populacional rural para
urbana.
DENSIDADE DEMOGRÁFICA - Mapa
referente ao número de habitantes por km² nos estados do Brasil
(1960-1980-2010).
O atual Governo do Brasil
tem feito um enorme esforço para descentralizar e acabar com os investimentos
nos cursos de Filosofia e Sociologia nas universidades brasileiras, tentando
assim acabar com as disciplinas ligadas ao estudo do pensamento e o estudo da
vida pública no país.
No Brasil grandes nomes
se destacaram na área da Sociologia, entre eles podemos citar:
·
Fernando Henrique Cardoso, que foi por dois
mandatos presidente do país é um dos nomes mais conhecidos da população. Como destaques
da sua produção científica estão seus estudos sobre o desenvolvimento econômico
e social das nações, com uma sólida carreira de professor universitário,
inclusive na USP;
·
Betinho – Herbert José de Sousa, considerado um dos mais importantes pensadores e
ativista brasileiro no século XX. Deixou como seu legado a criação de projetos como a Ação da
Cidadania e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o IBASE.
Travou uma enorme luta contra a fome no Brasil e a desigualdade econômica e
pela reforma agrária. Também teve um destaque grande no combate a AIDS e o
preconceito contra a doença, que contraiu no final dos anos 80 após uma
transfusão de sangue.
·
E finalmente GILBERTO FREIRE, que já citamos no início desse texto. Um dos principais
sociólogos da história do Brasil, esse pernambucano teve sua formação acadêmica
no exterior, nas universidades de Baylor, no Texas, e Columbia, em Nova York.
Freyre é mais conhecido por sua obra Casa-Grande & Senzala, um
dos livros mais influentes no estudo das humanidades do Brasil, em que estudou
e sustentou a argumentação que a formação sociocultural do país se deu por meio
da miscigenação entre as diversas etnias que habitaram o país durante a
colonização. Entre os muitos prêmios que ganhou, destacam-se o Machado de Assis
e três Jabutis.
CONCLUINDO:
Como vemos a DEMOGRAFIA E
SOCIOLOGIA estão sempre interligadas. É difícil ver, por exemplo, um estudo
sociológico que não apresente pelo menos um gráfico ou tabela da Demografia,
afinal os estudos são baseados em recortes da sociedade como já falamos acima e
os dados demográficos são essenciais para esses estudos.
Um bom exemplo disso é o
uso dos dados de levantamentos sobre a questão sanitária (banhos, esgoto e agua
tratada nos domicílio etc...) que aplicados nos estudos sociológicos terminam
em propor ações de políticas públicas para enfrentar as consequências na saúde
da população ou de um recorte dela, visando melhorar as condições sanitárias e
consequentemente da saúde.
A aplicação desses
estudos pode influenciar inclusive a composição do Orçamento anual dos
Governos, tanto federal, quanto estaduais e municipais.
A LOA – Lei Orçamentária
Anual do Governo Federal para 2020, aprovada em dezembro de 2019, prevê para a
área da saúde R$ 125,6 bilhões de reais dos R$ 3,6 trilhões do total do
orçamento previsto na LOA 2020. Caso você queira saber mais sobre o assunto
poderá ver no site http://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento,
do Portal de Transparência do Governo Federal.
Autores: Francisco Orlando Cozeto Filho
Viviane Maria Cozeto
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